1 - Visita à "cidade histórica
Saída de
estudo à "cidade histórica", a propósito de história urbana,
morfologia, urbanismo e uso do solo, fora e dentro de muralhas: Cordoaria - S.
Bento da Vitória - Flores - Mouzinho - Bainharia - Sant'Ana - S. Sebastião -
Chã - Cimo de Vila - Santa Catarina - Bolhão - Bonjardim - Aliados - Ceuta -
Fábrica - Carlos Alberto.
A visita teve inicio junto à “Porta do Olival”
(junto aos Clérigos), “fora de portas” encontrámo-nos no local de encontro
“rossio”, sendo um “lugar de periferia” dos séculos XVII a XIX, o dito
arrabalde. Era junto a estas portas, nestes rossios, que realizavam as feiras
que abasteciam o burgo, as feiras de S.Miguel, do Peixe, do Pão (Prç. Guilherme
Gomes Fernandes), dos Bois(Prç. Carlos Alberto), entre outras. Esta porta era
uma saída de uma das estradas que convergiam no burgo, era a Estrada para Viana
do Castelo.
No sec. XVIII, esta periferia fora preenchida
com monumentos religiosos, clérigos e outros, financiado com o dinheiro oriundo
do ouro do Brasil.
No sec. XIX a cidade do Porto ultrapassou a
muralha, passando, o espaço periférico contiguo e próximo à cidade, a ser
central. A dinâmica individual e capitalista começa a dar uma nova forma e a
desenhar a cidade, quebrando a continuidade geomorfica com planos ortogonais.
No sec. XIX, um novo eixo surge com um propósito
evidente. É o alinhamento Clérigos-Santo António (31 de Janeiro).
Ainda junto à porta dos Olivais, surge no sec.
XX o Jardim João Chagas (Cordoaria).
Nos anos 80 é o principio da decadência, em que
há uma diversificação de um comércio “menor”, não especializado, e uma
despovoamento crescente para os subúrbios.
No final do sec. XX o grande evento, Capital
Europeia da Cultura, tornara-se uma grande oportunidade. Tal facto levou a vários
investimentos que motivaram o aparecimento da nova centralidade universitária,
tornando-se um espaço cosmopolita com novos utentes, estudantes e turistas, com
posturas diversas. As centralidades mudam em função dos utilizadores ao longo
do dia e da noite.
2012, nova aposta no Mercado do Anjo…
Voltando ao sec. XVIII, o espaço era destinado a
instituições religiosas Ordens, Mosteiros e outros. João de Almada, considerava
a distribuição caótica (em carta enviada a D.José) e atuou dentro e fora de
portas, reorganizando o espaço, com a criação de travessas e ruas.
Do miradouro do Morro da Vitória, onde se
encontrava situada, estrategicamente a judiaria (numa demonstração de poder do
rei perante o Cabido) avista-se a cidade ribeirinha, a verdadeira “Baixa”. Olhando
para oriente avista-se o Morro da Pena Ventosa, para lá do vale do rio de Vila,
atual rua Mouzinho da Silveira. Imediatamente abaixo encontram-se as Escadas da
Vitoria onde se encontrava outrora a “Esnoga” (Sinagoga).
A 1ª muralha terá sido reerguida pelo bisavô de
D. Afonso Henriques.
Sec. XIII a XV
Na idade média o Porto era uma cidade em
contacto com o mundo. Era um burgo comercial de comércio externo.
O poder era mais fragmentado, no entanto
tornara-se mais consolidado, a favor do rei, com a criação das Vilas Novas.
O Morro da Vitória é um exercício de poder com
um plano urbanístico onde se insere a judiaria, fundamental para o comercio, no
entanto apesar dela coexistir durante o dia, à noite era fechada com taipais
(memória disso é o topónimo da Rua das Taipas), no entanto isto só dura um
século até à expulsão dos judeus e da conversão e cristãos novos, dos que
ficaram.
Em 1832/1834 dá-se a guerra civil (Absolutistas
e Miguelistas), os edifícios religiosos passam a domínio publico.
O 1º Liceu do Porto, Rodrigues de Freitas,
situava-se na rua S. Bento da Vitória no edifício onde funciona atualmente a
Policia Judiciária, sendo transferido mais tarde para o atual Liceu D.Manuel II
( da Ditadura Salazarista).
Na descida do Morro da Vitória encontramos, no fundo da rua de
Ferraz, a rua das Flores, outrora Rua Santa Catarina das Flores.
A
abertura da nova rua das Flores, 1521-1525, ligando o Largo de São
Domingos à Porta de Carros (atual Praça de Almeida
Garrett), correspondeu às
necessidades do crescimento populacional e do desenvolvimento económico. Com a
abertura da Rua das Flores, o largo quinhentista de São Domingos conheceu
também importantes transformações, albergando a primeira "fonte
redonda" do Porto. A construção da nova rua coincidiu, por um lado, com o
fim do privilégio ancestral de proibição de estadia dos nobres na cidade e, por
outro, com a crescente afirmação de uma burguesia mercantil, cultivadora do
gosto pelos grandes palácios e por ambientes repletos de luxo. A Rua das Flores
será um belíssimo exemplo de concretização destas duas tendências.
A
construção nas Flores foi feita segundo moldes inéditos pois, pela primeira vez
na história urbana da cidade, surgiu uma regulamentação precisa sobre o tipo de
habitação a construir, obrigando a uma regularização das duas margens da rua,
possibilitando a boa visibilidade das fachadas.
O
núcleo mais representativo dos habitantes da rua foi constituído pela designada
aristocracia urbana — cidadãos ligados à administração municipal da cidade e da
Coroa, mercadores, frequentemente nobilitados, e alguns cristãos-novos —, conotando a rua com um forte caráter elitista,
que o espaço edificado procurava confirmar.
No
entanto, a zona alta da rua foi habitada por homens ligados, sobretudo, aos
ofícios: mecânicos, sapateiros, caldeireiros, serralheiros, pedreiros,
ferreiros, etc. O extraordinário afluxo destes homens ao Porto está ligado
ao fenómeno de "enobrecimento da cidade" e ao facto da rua se
encontrar, na época, junto a um dos maiores estaleiros da cidade, o Mosteiro de
São Bento de Avé-Maria. Também
fixaram residência nesta rua comerciantes e industriais, barbeiros sangradores,
cirurgiões, bem como alguns clérigos e juízes-de-fora.
Aqui
encontrámos o edifício da “Casa da Companhia”, onde funcionou a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, criada pelo marquês de Pombal.
A Rua
Mouzinho da Silveira terá surgido três seculos mais tarde, destruindo a Ponte
Nova sobre o rio de Vila. Esta ponte era um importante ligação, no eixo entre a
rua da Bainharia e a Rua da Vitória. Deu o nome à atual Rua da Ponte Nova.
Morro da Sé.
Rua de Santana
deparamo-nos com um geomorfismo total. A rua é o resultado do edificado, ou
seja sem qualquer planeamento. São ruas sinuosas, irregulares e com escadas.
Grande densidade de construção e compacidade. Até ao seculo XVI vivia-se,
preferencialmente, dentro da muralha, a altura foi aumentando e o volume
também. No seculo XIX, face ao êxodo rural provocado pela forte
industrialização e proximidade da via férrea, a população aumentou com uma
forte fixação neste local, motivando assim o deslocamento dos residentes, para
outras áreas com maior qualidade de vida, onde não havia problemas sociais. No
entanto houve vários desenhos/projetos urbanísticos, propondo a demolição da
área.
No
entanto a partir dos anos 70 do seculo XX, houve várias intervenções,
nomeadamente da CRUHARB, na reabilitação e reconstrução. Socialmente pouco terá
sido feito.
No Arco
de Santana, da alta idade média, encontrava-se a Cerca Românica.
A porta de S.Sebastião, situava-se junto
às ruinas da Casa da Câmara, da
baixa idade média, onde se encontra atualmente o edifício de Fernando Távora.
A
partir de 1926 intervém-se no centro histórico com o intuito de enaltecer a
nacionalidade portuguesa a 1143 e a restauração a 1640.
Rua Escura,
encaminha-nos para a antiga Porta de Vandoma, Porta da Senhora de Vandoma, até
à rua Chã (antiga chã das eiras onde se secava o milho), passando pela Avenida
Afonso Henriques (Avenida da Ponte), onde foi demolida parte da cidade velha.
Para esta ligação à ponte D.Luis (Tabuleiro Superior) surgiram vários desenhos
de vários autores, Muzzio, Piacenti e Marques da Silva, entre outros.
A
cidade é um espaço de memórias e este local foi literalmente amputado, com um
fim previsto, no entanto essa funcionalidade deixou de existir, para a
circulação viária (automóvel),
encontrando-se como tal até à data sem uma resolução, apesar das
inúmeras intervenções que já sofreu.
A Rua Chã é atualmente
uma das ruas do Porto com grande e versátil dimensão étnica. No entanto o
fenómeno só se verifica no ponto de vista comercial. Por outro lado, mantém-se
ainda na sua continuidade, na Rua Cimo de Vila, atividades que estigmatizam o
local, desde o séc. XIX, a nomeadamente os bares de alterne, pensões, e casas
de pasto. Esta rua culmina na Porta da Batalha (de Cimo de Vila). Daqui parte
as estrada para Valongo, Penafiel e Vila Real, e a estrada para Guimarães, que
segue pela rua Santa Catarina, onde se encontra o antigo Grande Hotel do Porto,
onde existiu a Camisaria Confiança e onde muitos torna-viagem se fixaram.
A
igreja de Stº Ildefonso fica na bifurcação destas estradas. No final do seculo XIX o eixo comercial
31 de Janeiro/Clérigos torna-se num forte polo atrativo, onde aparecem as lojas
com vitrines, em edifícios alinhados. No entanto os comerciantes deixam de
viver sobre as lojas, passando para locais mais nobilizados
Entre
os anos 60 e 80 as ruas sofrem algumas alterações na atualidade o favorecimento
da utilização pedonal está a favorecer o retorno do turismo urbano, dando
resposta à oferta low-coast.
Mercado
do Bolhão – Este mercado municipal marcou a evolução da cidade no inicio do
sec. XX, com a construção do atual edifício por Elísio de Melo devido à
necessidade de maior salubridade. Entre os anos 60 e 80 entra em crise face às
novas opções dos consumidores. Atualmente, o Bolhão está estagnado, funcionando
apenas numa dimensão social de subsistência dos comerciantes. Existem vários
projetos, no entanto, com a crise, muitos desses projetos são inviáveis devido
ao forte investimento que terá que ser feito, pois o edifício encontra-se
construído sobre estacaria, num local onde passa um rio subterrâneo, que terá
que ser forçosamente desviado e drenado.
Rua do
Bonjardim, teve origem, como Estrada para Guimarães, no alinhamento na Porta de
Carros, e termina na Praça do Marquês (Largo da Aguardente).
A
Avenida dos Aliados é do Inicio do século XX e está marcada por uma forte
monumentalidade. O edifício dos Paços do Concelho é dos anos 50 e a avenida
terá sido aberta em 1916. Siza Vieira, em 2001, uniformiza os dois espaços,
Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade. É atualmente um elemento de
identidade do Porto, onde se comemoram datas e se festejam de forma espontânea
alguns eventos.
A
planta redonda de Balck, demonstra o período Almadino, para além da evolução
radial da cidade.
A Rua
do Almada teve origem num prolongamento da rua Nova das Hortas, sendo uma
alternativa para a Rua do Bonjardim, para Braga e Guimarães. Foi uma rua
construída com um intuito estratégico militar, de defesa, facilitando o acesso
rápido ao Campo das Hortas (atual Praça da República).
Praça
Carlos Alberto, é desde a idade média uma bifurcação importante. È aqui que se
divide a estrada de surge na Porta do Olival, e se encaminha para Vila do
Conde e Braga. Neste local existiram
vários hotéis, casas de pasto, tascas e pensões que davam suporte à partida e
chegada de diligências e outros transportes. No final do sec.XIX era local de
partida do Vaporzinho, comboio que fazia o percurso romântico sub-urbano até à
Foz, passando pela atual Avenida da Boavista. Em 1895 aparece o carro
eléctrico. Em meados do sec. XIX Adoptam-se as cortinas nas janelas de casa. A
Praça Carlos Alberto sofreu transformações recentes, o revestimento da calçada,
permanece em basalto e calcário. Ao sábado realiza-se neste local o Mercado
Porto Belo. No subsolo foi construído um parque subterrâneo, e o edificado foi
recentemente alvo de uma intervenção cara, ao abrigo da SRU, O edifício do café
Luso, cuja reconstrução é apenas uma obra de fachada, tendo sido reconstruido
todo o seu interior e onde habita uma população gentrificada.
2 – Ocidente do Porto
Saída de
estudo a Massarelos, Miragaia e Cedofeita. O mosaico social e do tecido
económico; o percurso histórico e a heterogeneidade do pericentral, vistos
desde a muralha afonsina até aos "Caminhos do Romântico", o
"caminho velho" para a Foz e a consolidação da Boavista como
referência comercial e de serviços de alojamento e restauração, financeiros,
culturais e educativos.
Abordagem das dimensões rurais (marcas rurais) e
urbana. Processo de desindustrialização, no território que terá sido periférico
até ao sec.XIX. A chegada da Ponte da Arrábida, facultou um planeamento
urbanístico com a terciarização.
Saída do lugar central, junto à FLUP e passagem
por um ambiente bucólico e quase rural, a Viela do Picoto. Grande separação de
sons, o silencio e o ruido com grande proximidade. Há uma descontinuidade
delimitada pela fronteira de uma nova rua. Encontrámos a parte alta (O alto
defensivo) e a parte baixa (Junto ao rio).
Esta fronteira é atravessada perpendicularmente
pela Rua D. Pedro V, que terá sido aberta em meados do sec. XIX com o intuito
de articular vários lugares da cidade. Interligando assim Massarelos alto e
baixo, tal como a Sé e a Ribeira. Essa
interligação pretendia ligar a estrada de cima, Rua do Campo Alegre (Antiga
Estrada de Matosinhos), e a estrada de baixo, marginal (Estrada Nova para a
Foz). Ultrapassada a estrada de cima pretendia-se atravessar o Bom Sucesso
atingindo a Rotunda da Boavista.
Tínhamos então a ligação em três níveis:
Linha este/oeste -
Avenida da Boavista
Campo Alegre
- Vilar
Caminho novo da Marginal do sec. XIX
A partir
do sec. XIX houve uma expansão da residência marcada pela classe alta, até à
Foz.
Neste vale, há uma escala de geomorfismo de
baixa densidade, quando comparado com o centro histórico do Porto. A fixação
está fortemente ligada ao sal (salinas) e ao mar (comercio.
Grande concentração de unidade fabris, c/ azenhas.
O museu do carro elétrico, situa-se na quinta de Kopk. Existia também aí a
conceituada cerâmica de Massarelos e uma fábrica de têxteis desmantelada no
sec. XX.
Atualmente verifica-se uma mistura de escalas
que originam um mosaico multifacetado, misturando-se o caminho rural, o
condomínio fechado e a valorização da frente ribeirinha.
Chegando ao Largo do Adro (Igreja de
Massarelos), verifica-se uma nova situação, a nova rua da Restauração que forma
um cotovelo na antiga “Fábrica da Louça”, a Fábrica de Cerâmica de Massarelos
que terá iniciado a sua produção por volta de 1763, foi mais tarde transformada
em refinaria, SIEL sendo atualmente convertida, pela RAR-Imobiliária, num
condomínio de luxo.
Daqui pode-se avistar o, Monte da torre da
Marca, escarpa do promontório granítico dos jardins do Palácio de Cristal
desenhados durante o sec. XVIII. Esses jardins estão repletos de espécies
exóticas, Palmeiras, Japoneiras e plantas xerófilas, sendo as espécies
autóctones raras. A rua da Restauração foi projetada em 1835 e tá sido
concluída em finais do sec. XIX. Aqui pode-se ainda ver casas com traça ou
origem britânia ou de brasileiros torna-viagem.
Avista-se assim, deste local um mosaico complexo
onde ainda persiste o Convento de Monchique, que à data da sua construção, sec.
XVI, era mosteiro, pois ficava fora-de-portas. Encontramos ainda um bairro operário,
Bairro Inês, convertido atualmente em
residência universitária de alunos Erasmus. Seguindo, encontra-se a casa
reconstruida e adaptada de Valente de Oliveira (ex-ministro das Obras Públicas
do governo de Durão Barroso).
Mais à frente, na rua da Bandeirinha,
encontramos o Palacete dos Portocarrera. No
largo fronteiro à casa uma pirâmide servia de suporte à Bandeirinha da Saúde, que marcava o limite da atracagem dos navios em tempo de peste. Avista-se
ainda, nas traseiras de muitos edifícios seculares, construção ilegal.
Daqui avista-se a Alfandega Nova, neoclássico granítico, tal
como o hospital de Stº Antonio, onde desagua o rio Frio que nasce na rua da
Torrinha e atravessa o Hospital de Stº António. O edifício da Alfandega é de
1860 e foi construído sobre estacaria na área da antiga praia de Miragaia, é
anterior à construção do Porto de Leixões e servia de controlo alfandegário
portuário como interface da linha ferroviária de Campanhã. Apesar do passar do
tempo, os populares ainda chamam Praia a este local, nomeadamente junto à fonte
da colher. É local de concentração em épocas festivas do santo padroeiro de
Miragaia, S. Pedro.
Continuando a visita descemos pelo antigo Monte dos Judeus,
onde ainda existe um registo toponímico, “Escadas do Monte Judeus”. Onde esteve localizada a Fábrica de Cerâmica
de Miragaia. Avançando, sempre a descer, atravessamos a rua Cidral de Cima e
Posteriormente a Rua Cidral de Baixo. Junto às escadas Cidral de Cima existem
umas construções, de habitação social, do sec. XX, as “Casas do Patronato”.
Depois de transpor a Rua Cidral de Baixo, chegamos à rua dos
Armazéns, onde se encontra o vale do rio Frio. Começando a subir, encontramos
os lavadouros públicos, a nova escola secundária de Miragaia e a Fonte da
Virtudes, de 1619. Daqui, Calçada das Virtudes, pode-se ver a monumental obra
de engenharia, o Paredão com dezasseis arcos, que se terá desmoronado logo após
a sua construção e terá sido novamente erigido por Francisco de Almada e
Mendonça. Neste local existia o postigo e torre das Virtudes da muralha
Afonsina. Já no topo encontra-se a Alameda ou Passeio das Virtudes.
Atravessado o Jardim da Cordoaria, chegamos ao Hospital de
Stº António, o edifício atual veio substituir o antigo Hospital de D. Lopo
na Rua das
Flores. O projeto inicial de John Carr contemplava
um edifício quadrado de quatro fachadas mas a Misericórdia alterou o projeto
que tomou então a forma de "U".
Mesmo em frente ao Hospital, ao lado do antigo convento do
Carmo (GNR) encontra-se o ICBAS- Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar,
onde teve inicio o primeiro Curso de Geografia no Porto. O Hospital de Santo António reflecte o gosto neopalladiano, anglopalladiano
ou arquitetura do “Port-Wine” é o neoclássico inglês que viria a
desempenhar um papel de grande significado no desenvolvimento da arquitetura
civil portuense, opondo-se ao barroco de Nicolau
Nasoni que caracterizou
a cidade.
Depois de ultrapassar o Jardim do Carregal avançamos pela
travessa do Carregal até à rua de Cedofeita. Esta rua é bastante antiga, sendo
inicialmente a estrada para Vila do Conde, bifurcando para Barcelos, que partia da porta do Olival da muralha
Afonsina.
Foi definida, numa fase inicial pelas construções, mas
posteriormente, nos finais do séc. XVII
foi objecto de alargamento e alinhamento, pelos Almadas.
A primeira fase de ocupação terá sido pela família Freire,
nos nºs 156. No sec. XIX reocupada com construções aburguesadas. Onde se situa
a Igreja Evangélica era a casa de Venceslau de Lima. A Torre dos Clérigos
encaixa no alinhamento de Cedofeita com a uma araucária colocada pelo
proprietário, Marques Loureiro, dono do
Horto das Virtudes. Aqui, também morou, D. Pedro, Teodoro de Sousa
Maldonado, que cartografou as “Pedras do Douro”. Os navegantes alinhavam a
torre dos clérigos com a torre da Marca e evitam essa pedras.
A Rua Miguel Bombarda, perpendicular a Cedofeita, é uma rua
da primeira urbanização privada do Porto, que terá sido concluída em 1875. A Urbanização do Pombal, nos terrenos
situados no Campo do Pombal, cujo projeto se encontra datado de 1805 por Luis Ignácio Barros de Lima, pertencia a Jerónimo Pereira Leite. Com isto o subúrbio alargara-se para
ocidente. Atualmente é utilizado pelos city users, turistas, estudantes e
trabalhadores de comercio. Por outro lado emergiu recentemente nesta rua e na
sua proximidade, um polo de Industrias Criativas que origina eventos periódicos
cativando outros utilizadores gentrificados. As galerias de arte são já a maior
fatia do comércio criativo/inovador, no entanto ainda persistem o comercio e
atividades tradicionais em aproximadamente 50% dos espaços comerciais.
Avançando pela antiga Rua da Carvalhosa, hoje rua da Boa
Hora e Rua Anibal Cunha, encontramo-nos com o que resta do processo de
desindustrialização da 1ª fábrica de tecelagem, Jacinto, da Familia Magalhães,
de Jacinto António Magalhães, onde se encontrava o primeiro bairro operário, O
Bairro Jacinto.
Chegados ao Liceu D. Manuel II, Escola Secundária Rodrigues
de Freitas, (vindo do Liceu Central da Rua da Vitória), encontramos novamente a
lógica do eixo, desta vez traçada entre ele e o Liceu Carolina Michaelis,
acentuando uma constatação interessante para uma geografia de género. O
edifício terá sido construído com materiais de uma arquitetura modernista no
sec. XX da autoria do Arq. Marques da Silva.
Tal facto não agradava totalmente a Salazar, pois a imagem
pretendida era a do “Português Suave”, com a arquitetura da Casa Portuguesa,
como a de Raúl Lino ou Rogério de Azevedo. Tal como se passou com a arquitetura
neoclássica inglesa que chega ao Porto quando os portuenses ainda estão a
deleitar-se no barroco.
Na proximidade, a igreja românica de Cedofeita, terá sido
restaurada pela ditadura do Estado Novo, sendo também usada como ícone
nacionalista.
Em frente, na Rua da Boavista encontra-se o Hospital Maria
Pia, pago pelos Burgueses de Cedofeita.
Avançando, até Júlio Dinis, encontramos um caminho de feição
rural, com marcas rurais, alteradas pela forte industrialização que aí existiu.
O eixo Júlio Dinis Campo Alegre estava marcado pelas fábricas de tecelagem,
metalurgia e cerveja, em meados do sec. XIX.
Após o processo de desindustrialização deu-se um novo
processo de melhoria das acessibilidades, nomeadamente de interligação à Ponte
da Arrábida.
Outros factores, que vieram alterar a dinâmica deste espaço,
foi o processo de terciarização dos anos 80, a hotelaria e a restauração nos
anos 70. Originou-se assim uma nova
centralidade, Campo Alegre/Júlio Dinis.
Continuando, atingimos, um espaço que há 100 anos era predominantemente
rural, o Bom Sucesso, onde ainda existe a Casa Agrícola da Quinta do Bom
Sucesso, onde se encontra a capela. Na proximidade, existia uma praça de touros
(atual Tabernáculo Baptista). Mesmo no centro da Quinta foi construído, em
1952, o Mercado do Bom sucesso, estando atualmente num processo de elitização
funcional. Neste local foi ainda construído, de forma ilegal, um centro
comercial num local destinado a jardim.
Por fim chegamos ao Bairro do Bom Sucesso, onde se pode
desconstruir preconceitos deterministas relativamente aos locais, nomeadamente
bairros sociais.
Assistimos assim a vários mosaicos em que o ordenamento do
território raramente coincide com modelos essenciais das cidades europeias. O
banal seria a mistura social, morfológica e funcional. Embora a forma determine
a maneira como se vive na cidade pode no entanto condicionar.
3 – Porto Oriental
Saída de
estudo ao "Porto Oriental", da Batalha à Estação de Campanhã, com
retorno pelo Campo 24 de Agosto. Apresentação de aspectos de natureza
morfológica, social e económica, associadas ao processo evolutivo e às várias
dimensões de espaço e tempo de apreciação da cidade.
Partindo do local de encontro atravessamos a rua
de Stº Ildefonso (antiga Rua Direita) que em tempos terá sido cortada pela
Praça dos Poveiros onde veio a ser construído um parque subterrâneo, no final
do sec. XX. Continuando, atravessou-se o Jardim de S. Lazaro (Jardim Marques
Oliveira, onde outrora se situava o hospital dos leprosos(no atual colégio), o
Mosteiro de Stº António dos Capuchos (actual Biblioteca Municipal), era também
aqui que se realizava a feira dos porcos. Este jardim, tal como o vemos, é já
uma visão romântica da burguesia do sec. XIX, 1834, obrigando as feiras a
deslocarem-se para outros locais, nomeadamente pata o Campo 24 de Agosto.
Seguindo pela Rua Morgado Mateus, chegamos ao
lugar da antiga Quinta de Reimão, onde podemos encontrar um novo desenho
urbanístico, em que se afigura a moradia clássica portuense do sec.XIX,
exclusivamente familiar, ou seja, unifuncional, ao contrário do
plurifuncionalíssimo do lote ocidental do Porto.
Aqui encontram-se algumas alterações
construtivas. A elevação da cave, eleva também rés-do-chão, o que impede à partida a criação de comércios
no 1º piso e a formação de ilhas nas traseiras. Atualmente o processo de
substituição do edificado está parado, verificando-se porém um processo de
reabilitação. A ocupação deste espaço está a tornar-se elitizada, com ligações
à arte, à universidade e outros. Como tal está condicionada também `*a
disponibilidade financeira. É um espaço arborizado com uma vincada escala
humana de proximidade e conforto. No cruzamento da Rua Duque da Terceira com a
Rua Conde Ferreira, verificam-se duas utilizações, a diurna com atividades
académica e terciaria; e a noturna com a
prostituição.
Chegando ao Largo Soares dos Reis, verifica-se a
existência de uma “Pata de Ganso”, apesar de não existir aqui um centro
atrativo, no entanto era aqui que chegava a estrada do Douro. Á esquerda da
Quinta de Reimão ficava a Quinta do Prado (dos bispos do Porto) e à direita a
Quinta de Sacais de Cima. Uma das artérias desta “Pata” é a Rua Rodrigues de
Freitas, onde foram edificadas, ostentosamente , as moradias dos brasileiros
torna-viagem. Queria-se “ver e ser visto”, por isso construía-se à face da rua,
sem logradouro, de forma a facilitar a admiração e cobiça alheia. A família
Forbes, torna-viagem, constrói a sua casa (edifício da Escola Superior de Belas
Artes), antes deste planeamento/ocupação. Em 1899, a peste bubónica, para o
investimento nesta área fazendo com que os lotes demorem a ser ocupados. Em
1839, com o liberalismo, a igreja é obrigada a abdicar do espaço onde é
construído o cemitério oriental do Prado do Repouso, nos terrenos da Quinta do
Prado. O Jazigo nº 1 deste cemitério é de Francisco de Almada e Mendonça, filho
de João de Almada, cujos restos mortais terão sido trasladados da Igreja da
Misericórdia do Porto, servindo assim de exemplo aos hábitos funerários mais
conservadores.
Seguindo pela Rua do Heroísmo (antiga estrada
para Campanhã) encontra-se a Casa de Barros
Lima, responsável pela expansão da cidade separada, ou seja, a cidade de
produção no lado oriental e a cidade de consumo no lado ocidental.
No entanto, o processo de urbanização da
periferia originou cópias em cada um dos lados a ocidente e a oriente, foi a
lógica Este/Oeste em que se construíram Cemitérios, Parques, Jardins, etc… No
entanto há diferenças no ponto de vista social e económico. Os ingleses a ocidente,
com uma arquitetura recatada, e os brasileiros torna-viagem com a sua
ostentação de novo riquismo.
Já na Rua do Barão de Nova Sintra encontramos um
estabelecimento Humanitário, edificado pelo Barão de Nova Sintra , também
torna-viagem, e a sua casa que terá sido vendida à família dinamarquesa,
Anderson. É uma rua larga, que liga a uma larga avenida construída com um o
único fim de construir o caminho de ferro, em 1896.
Aqui ainda persiste, em ruina, o chalé de
contemplação do Douro de José Dias Alves Pimenta e as casas dos seus vizinhos,
Aurélio da Paz dos Reis e António Dias Pereira, todos eles republicanos, com um
papel determinante nos destinos do Porto. Esta rua sem saída, cheia de história,
os edifícios históricos continuam ao abandono.
As urbanizações, anteriormente visitadas, das
quintas de Reimão e Sacais de Cima foram feitas no seguimento da estação de
Campanhã. No entanto, neste local, a linha acaba por criar uma fronteira com a
Quinta da China.
Já em Campanhã, encontra-se a Rua Mira Flor
(anteriormente uma aldeia da periferia), mais à frente encontra-se a Vila
Rodrigo num desnível topográfico pela rua Padre António Vieira, de 1878. A Rua
da Lomba atravessa o lugar onde existiu a aldeia do Lugar do Lombo, desde a Rua
do Heroísmo à Rua Pinto Bessa. A industrialização não é uniforme, pois é na
freguesia do Bonfim que se encontra mais unidades industriais e operários
fabris, conforme se pode verificar nos inquéritos industriais de 1845, 1898 e
1890.
A chegada do comboio ao centro do Porto, estação
de S. Bento, em 1896, trás mais população que alimenta a necessidade de
mão-de-obra, das industrias, desta área. Aqui trabalha-se 12 ou mais horas por
dia, incluindo as crianças. Assim justifica-se a fixação nesta freguesia, dada
a proximidade com o posto de trabalho.
Morfologicamente, houve um enchimento em que se
urbanizaram espaços rurais. É a rurbanização do sec.XIX.
Os animais eram mantidos dentro das habitações,
perpetuando e adaptando hábitos rurais.
Em 1881, algumas casas, para além de superlotadas,
ainda eram ocupadas por teares. Havia cerca de 10.000 teares fora de fábrica, por questões fiscais,
reduzindo assim a carga dos impostos sobre os industriais.
Rua Pinto Bessa[1], (sec. XIX). Esta rua vem na lógica da Rua da Estação, entre a
antiga Estrada do Pão e a Igreja do Bonfim (Bom Fim ou Boa Morte), de
construção recente. É uma das grande vias (largas) traçadas no final do sec.
XIX. Encontra-se também aqui um edifício dos anos 30, Arte Nova, Arte-Deco, do
Arqtº Francisco de Oliveira Ferreira, autor do Sanatório Heliantia em
Francelos, Paços do Concelho de Vila Nova de Gaia, edifício de "A
Brasileira" na Rua Sá da Bandeira – Porto, entre outros.
Facto curioso é o seu edificado que cumpre à
risca a norma construtiva , em que a altura da fachada construída deveria ser
igual ou inferior à largura entre fachadas. Tal facto originou e o aparecimento
de um edificado em escada do tipo “bolo de noiva”.
Avenida
Camilo
Foi idealizada segundo principio de Ebenezer
Howard 1898, “Cidade Jardim”.
Ainda persiste parte da antiga Quinta de Secais,
com a sua casa ao lado do Liceu
Alexandre Herculano (Arq-Marques da Silva), 1º edifício da avenida,
anterior ao Rodrigues de Freitas é resultado do desdobramento do Liceu Central,
no Liceu Oriental e Liceu Ocidental. Com uma estrutura central é o mesmo
conceito da Avenida doa Aliados e dos Combatentes da Grande Guerra, o jardim à
inglesa, de Barry Parker.
A avenida deveria ter-se prolongado para
oriente, até S. Roque da Lameira, o que não aconteceu.
Verifica-se aqui o aparecimento arquitetura
eclética, para o automóvel .
Atualmente os edifícios estão
readaptados/reaproveitados na antiga garagem/oficina, funciona o LIDL.
Campo 24
de Agosto
(revolução
liberal, governo provisório, fim do cerco)
A localidade chamava-se em 1700 Mijavelhas, depois Poço das Patas, em 1833, denominava-se Campo da Feira do Gado porque ali se realizava um mercado de gado
bovino; volvidos seis anos ficou Campo
Grande. Em 1 de Agosto de 1860 por decisão camarária, foi designado Campo 24 de Agosto.
Uma
das fontes que beneficiava da água deste aqueduto era a “Fonte de Mijavelhas”.
Esta fonte ficava situada onde se encontra hoje a estação do metro do Campo 24
de Agosto. Quem já usou a referida estação deve ter reparado com toda a certeza
no achado arqueológico que foi encontrado no local e que retrata aquela que foi
a “Arca de Água de Mijavelhas” antigo chafariz, reservatório.
Junto
ao atual centro comercial era o local onde se enforcavam os ladroes.
Havia,
no sec. XIX grande atividade industrial com fábrica de trabalho em pratas, A
companhia de Fiação, várias fábricas de tecelagem, a fábrica de Tabacos
Portuense (empregava 900 pessoas), fábrica de Moagem, etc. No final do sec.XIX
houve grande densificação com o nº elevado de operários e família.
Época
de grande fulgor republicano com os comícios a oriente da Batalha devido às
condições difíceis de vida. Lavadouros destruídos , por ordem de Ricardo Jorge, para não proliferar a
peste Bubónica. Feiras remetidas
para mais longe do centro, Corujeira.
No
sec. XX acentua-se a diferença e desvaloriza-se a parte oriental da cidade
É
atualmente local de chegada e partida, de autocarro e metro, tornando-se um
interface urbano com perda de identidade de lugar.
Largo do Padrão
Por
aqui passava a antiga Estrada do Pão onde vinha também confluir a Rua Formosa,
a Rua D.João IV e a rua Poço das Patas.
A
rua D.João IV é adiada várias vezes, pois só no final do sec. XIX é concluída.
Aqui sur vários palacetes dos Torna-Viagem, a família Magalhães Basto foi uma
delas que aqui se alojou. Na parte alta da rua existiram muitas ilhas ao longo
do sec. XIX.
O
Porto cresceu para a periferia de forma radial ao longo das estradas deixando
alguns vazios, que vêm mais tarde a ser ocupados por pessoas de menores posses.
Morfológicamente
os edifícios são bastante antigos e situam-se longe da muralha. Têm uma
natureza funcional (tecido económico).
Como
eram estadas de passagem e apesar de ser periferia, o comércio implantou-se
aproveitando os fluxos. Uso comercial do Rés-do-chão.
4 – Lado Ocidental do Porto, de
Serralves até à Foz
O
"lado ocidental do Porto". Saída de estudo desde a avenida e bairro
"cidade-jardim", por "bairros sociais", Foz Velha, Senhora
da Luz e Foz Nova, com referência ao papel do urbanismo e da evolução dos
transportes e sublinhado às alterações/misturas/diferenciações de natureza
morfológica, social e funcional. A Foz Velha era uma vila contigua à periferia
do Porto.
Partida Junto à casa de Serralves do Arquiteto
Marques da Silva, ,lugar de ricos. É um espaço de ligação entre o Porto e a
Foz, cujo crescimento foi facilitado com a evolução dos transportes (coches,
americano, automóvel). No entanto, devido ao facto de ser uma área da
periferia, favorecia os privilegiados, com mobilidade, ou seja, quem tinha transporte próprio. Com o
aparecimento do americano a situação muda, no entanto, quem se fixa em Marechal Gomes da Costa é efetivamente quem tem automóvel.
Urbanização – loteamento com especificidades,
sendo os lotes sobreavaliados, com custos altos de construção, o que o torna um
local de elite. A diferença é reforçada e perpetuada com o prestigio. Há uma
concepção liga a Haussmam, com baixa densidade não sendo uma cidade compacta, é
portanto também mais higienista.
Nos anos 60 e 70 o espaço esgota-se, tendo
existido uma lógica de substituição de espaço mono residencial para um logica
de serviços: escolas, consulados, saúde privada, etc.
Aqui há contiguamente habitação social tornando
o espaço num mosaico de mistura. O bairro de renda resolúvel com o estado, de
1940 é um local de classe média/baixa ( modelo idêntico à cidade Jardim) sendo
no entanto um caso diferente. Trata-se de moradias de 3 frentes, com menos
áreas verdes privadas e mais pequenas. É
constituído em plano ortogonal, com hierarquização das vias. As vivendas
unifamiliares são diferentes de Marechal Gomes da Costa. Os espaços verdes
públicos servem as áreas envolventes. Seve os interesses do Estado Novo, sob a
lógica da Carta de Atenas, um pouco torneado à imagem de António Ferro. Período
com grande numero de projetos. João de Aguiar, Etienne e Agache.
À medida que nos afastamos do centro elitizado a
classe social baixa até que surge o bairro social de 1960. Há aqui um certo
racionalismo da carta de Atenas. Vias à volta do conjunto de edifícios e o
interior apenas com vias de acesso, com uma ausência total de passeios.
Habitação plurifamiliar/multifamiliar, espaço verde público contiguo aos
edifícios, deixando de existir passeios e muros. Novo conceito morfológico
urbanístico. Segundo Le Corbusier, era uma “maquina de habitar”, ou seja para
uso exclusivo de habitação, com exceção das escolas exclusivas para os
residentes, motivando uma total ausência de coesão social.
A politica habitacional apoia os mais fracos e
frágeis, no entanto esta concentração aumenta os problemas sociais e a
segregação. Tal facto acaba por se tornar um problema urbano espacial e social.
Plano de melhoramentos
Plano Especial de Alojamento
Os processos de transição também existem dentro
dos bairros, entre bairros e blocos. Planeamento da irregularidade com ausência
de geometria, sendo inorgânico sem simetria entre os blocos.
1948- Congresso de Arquitetura Moderna- Arq.
Loza (dá resposta com alguma velocidade à carta de Atenas), no entanto, nos
anos 30 Cassiano Branco já segue a carta de Atenas no projeto para a Caparica.
Bairro da Pasteleira (1970)
Fica na Ligação entre o Porto e a Foz.
A Foz pertencia aos Beneditinos de Stº Tirso em
1834.
O bairro era um território autónomo onde passava
o caminho para a Foz (da Rua do Campo Alegre para Matosinhos.
Quando A Foz se Transformou, o percurso do
Caminho Novo (marginal) com o transporte do “Americano”. Tal facto leva a que a
descontinuidade entre a Foz e o Porto seja preenchida com construções desde a
habitação social até ao condomínio de luxo no caso da “Foz Alta”.
Estrada para a Foz (Rua Central) atual rua Padre
Luis Cabral. Há medida que vai sendo ocupada transforma-se em rua e consequentemente
num eixo central da localidade com inúmeras lojas comerciais. A foz começa a
conhecer-se como Foz Velha nos finais do sec.XIX.
A Foz Velha – Geomorfismo, pescadores (Póvoa
Piscatória)
A foz Nova e Alta – Ortogonismo e classe alta.
Foi um local favorável à fixação de pescadores,
sendo o lugar mais povoado fora da muralha (do Porto).
Antes do sec. XIX e até finais do mesmo era uma
póvoa piscatória, com geomorfismo pouco denso em construção e de compacidade
inferior aos outros locais de à inexistência de uma muralha, pois pode-se
expandir livremente.
Era um local articulado com duas atividades de
proximidade, a pesca e a agricultura.
Aqui a subsistência determina a logica de vida
ao contrário do Porto.
Alterações recentes:
-
diminuição da importância da pesca
-
diminuição da classe média/baixa
-
substituição de residentes num processo de gentrificação
A igreja de Nª Senhora da Conceição determina a
importância do eixo.
Restos de um aqueduto que abastecia de água o
mosteiro, na proximidade de uma nova via paralela à linha de costa a uma cota
alta perpendicular à antiga Rua Direita
Lugar da
Cantareira (Frente ao Cabedelo)
Foi um local
importante no sec. XIX. Estendia-se
para o interior, Lugar de Sobreira-
Geomorfismo de baixa densidade.
Local de grande interesse estratégico da cidade
do Porto, face à Foz.
O bispo de Viseu
introduziu aqui elementos de influencia renascentista contratando um
arquiteto italiano para esse trabalho:
·
1º Farol da Península
Ibérica (obra do sec. XVI)
·
Fortaleza de S. João
Baptista da Foz do sec. XVI e XVII (modelo de fortaleza construído ao longo do
litoral e junto às cidades de fronteira).
·
E outros.
Para defesa da Barra substituindo assim, à
distância, a função da muralha afonsina.
Grandes transformações:
2ª metade
do sec. XIX-
- Melhoria dos
transportes
- Crescimento do tempo
livre (regulamentação do tempo de trabalho) na dimensão do ócio e lazer.
- Medicina sustentava a
ideia do beneficio dos Banhos.
A forma de viver mantem-se até hoje,
constatando-se o inverso de há 100 anos, ou seja, poucos ricos entre os pobres
anteriormente e hoje poucos pobres entre os ricos.
Por aqui passou a 1ª linha do Americano, o Nº1.
A povoa piscatória aburguesou-se.
EM 1888 é construído o Passeio Alegre onde são
inseridas plantas exóticas e arvores não como a palmeira e a araucária.
O seculo XIX foi também marcado pela geografia
dos hotéis. Na primeira metade do sec. XIX a Rua Direita passa a Padre Luis
Cabral; em finais do sec.XIX tem continuidade para a Rua S.Bartolomeu, onde
existiram Banhos Quentes; em 1889 surge a pensão Mary Castro.
Geografia Física e Urbana – regularização da Foz
do Rio Douro – Construção de um muro que leva ao posterior aterro do jardim que
viria a ser do Passeio Alegre, desenhado pelo arq. Emile David, também
responsável pelos jardins do Palácio de Cristal.
Assim, a Foz está atualmente dividida entre a
Foz velha (plano Geomorfico), A Foz Nova (ao longo da Avenida Brasil e
num plano Ortogonal para o interior)
e a Foz Alta (mistura de planos
em alguns casos inorgânico).
A rua Padre Luis Cabral, antiga Rua Central
(estrada da Foz) deixou de ter a sua centralidade dada a sua interrupção com a
construção da via nova, a Rua Diogo Botelho, e a sua fraca mobilidade.
O largo do Rio da Bica era um largo central da
feira, apesar de hoje parecer exíguo. Era o ponto de ligação entre a Foz Alta e
a Foz Velha, através da Rua direita (Padre Luis Cabral).
Mais à frente, encontra-se ainda a casa onde
Funcionou a da Câmara Municipal da Foz e Prisão, durante apenas dois anos,
aquando a reforma administrativa de 1836. Até então a área pertencia ao
Mosteiro Beneditino de STº Tirso.
A antiga igreja ficava dentro da muralha do
Forte, como tal houve necessidade de construir outra. Houve ainda necessidade
de realizar um aterro para dar continuidade à linha do elétrico ao longo das
praias até Matosinhos, fazendo assim uma transição entre a Foz Velha e a Foz
Nova através da rua Senhora da Luz, onde se desenvolveu um comercio, que
atualmente é seletivo, numa lógica de centralidade e aparente heterogenia
social.
A avenida Brasil é dos finais do sec.XIX com
casas apalaçadas e tipo chalé, tendo sido substituídas quase na sua totalidade por prédios no
sec.XX, anos 50 a 70.À medida que se caminha para norte verifica-se uma
homogeneidade social de classe alta.
A praia segregadora – para além da praia do
Ourigo existia a Praia dos Ingleses que determinava uma certa utilização
elitista. Por outro lado havia uma separação temporal de uso no verão, ou seja,
o interior do pais utilizava a praia durante 2 meses e a cidade durante os 2
meses seguintes. Havia ainda uma diferença de género na sua utilização, pois as
senhoras, por uma questão de pudor, só podiam ir a banhos antes do nascer do
sol.
Por fim situamo-nos no Largo Antero Figueiredo,
ponto central de onde saem ruas de forma radial num plano geomórfico, que liga
na saída deste aglomerado à avenida Marechal Gomes da Costa. Aqui existe, na
proximidade, um Lavadouro público, a junta de freguesia, um posto da policia. Para ponente/Norte desenvolve-se
o plano ortogonal da Foz Nova.
A vila da Foz tem uma heterogenia intensa, no
entanto apreende-se aqui a importância das escalas e do tempo da cidade.
[1] Francisco Pinto Bessa (Lordelo do Ouro, 6 de fevereiro de 1821 - Porto, 4 de maio de 1878) foi um dos sócios
fundadores da Sociedade do Palácio de Cristal e vereador da Câmara Municipal
do Porto em 1866, tornando-se seu presidente no ano seguinte. Durante o seu
mandato foram abertas a Rua Nova da Alfândega, a Rua de Sá da Bandeira, a Rua
Mousinho da Silveira, a Rotunda da Boavista, inaugurada a Ponte D. Maria, entre
tantos outros empreendimentos. Em 1868 foi eleito membro do Parlamento, cargo
que acumulou com a presidência da Câmara, em sucessivas eleições, até ao seu
falecimento a 4 de Maio de 1878.[1]
Autor: Óscar Brandão
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