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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Geografia do Porto - Visitas


1 - Visita à "cidade histórica

Saída de estudo à "cidade histórica", a propósito de história urbana, morfologia, urbanismo e uso do solo, fora e dentro de muralhas: Cordoaria - S. Bento da Vitória - Flores - Mouzinho - Bainharia - Sant'Ana - S. Sebastião - Chã - Cimo de Vila - Santa Catarina - Bolhão - Bonjardim - Aliados - Ceuta - Fábrica - Carlos Alberto.

A visita teve inicio junto à “Porta do Olival” (junto aos Clérigos), “fora de portas” encontrámo-nos no local de encontro “rossio”, sendo um “lugar de periferia” dos séculos XVII a XIX, o dito arrabalde. Era junto a estas portas, nestes rossios, que realizavam as feiras que abasteciam o burgo, as feiras de S.Miguel, do Peixe, do Pão (Prç. Guilherme Gomes Fernandes), dos Bois(Prç. Carlos Alberto), entre outras. Esta porta era uma saída de uma das estradas que convergiam no burgo, era a Estrada para Viana do Castelo.
No sec. XVIII, esta periferia fora preenchida com monumentos religiosos, clérigos e outros, financiado com o dinheiro oriundo do ouro do Brasil.
No sec. XIX a cidade do Porto ultrapassou a muralha, passando, o espaço periférico contiguo e próximo à cidade, a ser central. A dinâmica individual e capitalista começa a dar uma nova forma e a desenhar a cidade, quebrando a continuidade geomorfica com planos ortogonais.
No sec. XIX, um novo eixo surge com um propósito evidente. É o alinhamento Clérigos-Santo António (31 de Janeiro).
Ainda junto à porta dos Olivais, surge no sec. XX o Jardim João Chagas (Cordoaria).
Nos anos 80 é o principio da decadência, em que há uma diversificação de um comércio “menor”, não especializado, e uma despovoamento crescente para os subúrbios.
No final do sec. XX o grande evento, Capital Europeia da Cultura, tornara-se uma grande oportunidade. Tal facto levou a vários investimentos que motivaram o aparecimento da nova centralidade universitária, tornando-se um espaço cosmopolita com novos utentes, estudantes e turistas, com posturas diversas. As centralidades mudam em função dos utilizadores ao longo do dia e da noite.
2012, nova aposta no Mercado do Anjo…
Voltando ao sec. XVIII, o espaço era destinado a instituições religiosas Ordens, Mosteiros e outros. João de Almada, considerava a distribuição caótica (em carta enviada a D.José) e atuou dentro e fora de portas, reorganizando o espaço, com a criação de travessas e ruas.
Do miradouro do Morro da Vitória, onde se encontrava situada, estrategicamente a judiaria (numa demonstração de poder do rei perante o Cabido) avista-se a cidade ribeirinha, a verdadeira “Baixa”. Olhando para oriente avista-se o Morro da Pena Ventosa, para lá do vale do rio de Vila, atual rua Mouzinho da Silveira. Imediatamente abaixo encontram-se as Escadas da Vitoria onde se encontrava outrora a “Esnoga” (Sinagoga).
A 1ª muralha terá sido reerguida pelo bisavô de D. Afonso Henriques.
Sec. XIII a XV
Na idade média o Porto era uma cidade em contacto com o mundo. Era um burgo comercial de comércio externo.
O poder era mais fragmentado, no entanto tornara-se mais consolidado, a favor do rei, com a criação das Vilas Novas.
O Morro da Vitória é um exercício de poder com um plano urbanístico onde se insere a judiaria, fundamental para o comercio, no entanto apesar dela coexistir durante o dia, à noite era fechada com taipais (memória disso é o topónimo da Rua das Taipas), no entanto isto só dura um século até à expulsão dos judeus e da conversão e cristãos novos, dos que ficaram.
Em 1832/1834 dá-se a guerra civil (Absolutistas e Miguelistas), os edifícios religiosos passam a domínio publico.
O 1º Liceu do Porto, Rodrigues de Freitas, situava-se na rua S. Bento da Vitória no edifício onde funciona atualmente a Policia Judiciária, sendo transferido mais tarde para o atual Liceu D.Manuel II ( da Ditadura Salazarista).
Na descida do Morro da Vitória encontramos, no fundo da rua de Ferraz, a rua das Flores, outrora Rua Santa Catarina das Flores.
A abertura da nova rua das Flores, 1521-1525, ligando o Largo de São Domingos à Porta de Carros (atual Praça de Almeida Garrett), correspondeu às necessidades do crescimento populacional e do desenvolvimento económico. Com a abertura da Rua das Flores, o largo quinhentista de São Domingos conheceu também importantes transformações, albergando a primeira "fonte redonda" do Porto. A construção da nova rua coincidiu, por um lado, com o fim do privilégio ancestral de proibição de estadia dos nobres na cidade e, por outro, com a crescente afirmação de uma burguesia mercantil, cultivadora do gosto pelos grandes palácios e por ambientes repletos de luxo. A Rua das Flores será um belíssimo exemplo de concretização destas duas tendências.
A construção nas Flores foi feita segundo moldes inéditos pois, pela primeira vez na história urbana da cidade, surgiu uma regulamentação precisa sobre o tipo de habitação a construir, obrigando a uma regularização das duas margens da rua, possibilitando a boa visibilidade das fachadas.
O núcleo mais representativo dos habitantes da rua foi constituído pela designada aristocracia urbana — cidadãos ligados à administração municipal da cidade e da Coroa, mercadores, frequentemente nobilitados, e alguns cristãos-novos —, conotando a rua com um forte caráter elitista, que o espaço edificado procurava confirmar.
No entanto, a zona alta da rua foi habitada por homens ligados, sobretudo, aos ofícios: mecânicos, sapateiros, caldeireiros, serralheiros, pedreiros, ferreiros, etc. O extraordinário afluxo destes homens ao Porto está ligado ao fenómeno de "enobrecimento da cidade" e ao facto da rua se encontrar, na época, junto a um dos maiores estaleiros da cidade, o Mosteiro de São Bento de Avé-Maria. Também fixaram residência nesta rua comerciantes e industriais, barbeiros sangradores, cirurgiões, bem como alguns clérigos e juízes-de-fora.
Aqui encontrámos o edifício da “Casa da Companhia”, onde funcionou a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, criada pelo marquês de Pombal.
A Rua Mouzinho da Silveira terá surgido três seculos mais tarde, destruindo a Ponte Nova sobre o rio de Vila. Esta ponte era um importante ligação, no eixo entre a rua da Bainharia e a Rua da Vitória. Deu o nome à atual Rua da Ponte Nova.
Morro da Sé.
Rua de Santana deparamo-nos com um geomorfismo total. A rua é o resultado do edificado, ou seja sem qualquer planeamento. São ruas sinuosas, irregulares e com escadas. Grande densidade de construção e compacidade. Até ao seculo XVI vivia-se, preferencialmente, dentro da muralha, a altura foi aumentando e o volume também. No seculo XIX, face ao êxodo rural provocado pela forte industrialização e proximidade da via férrea, a população aumentou com uma forte fixação neste local, motivando assim o deslocamento dos residentes, para outras áreas com maior qualidade de vida, onde não havia problemas sociais. No entanto houve vários desenhos/projetos urbanísticos, propondo a demolição da área.
No entanto a partir dos anos 70 do seculo XX, houve várias intervenções, nomeadamente da CRUHARB, na reabilitação e reconstrução. Socialmente pouco terá sido feito.
No Arco de Santana, da alta idade média, encontrava-se a Cerca Românica.
A porta de S.Sebastião, situava-se junto às ruinas da Casa da Câmara, da baixa idade média, onde se encontra atualmente o edifício de Fernando Távora.
A partir de 1926 intervém-se no centro histórico com o intuito de enaltecer a nacionalidade portuguesa a 1143 e a restauração a 1640.
Rua Escura, encaminha-nos para a antiga Porta de Vandoma, Porta da Senhora de Vandoma, até à rua Chã (antiga chã das eiras onde se secava o milho), passando pela Avenida Afonso Henriques (Avenida da Ponte), onde foi demolida parte da cidade velha. Para esta ligação à ponte D.Luis (Tabuleiro Superior) surgiram vários desenhos de vários autores, Muzzio, Piacenti e Marques da Silva, entre outros.
A cidade é um espaço de memórias e este local foi literalmente amputado, com um fim previsto, no entanto essa funcionalidade deixou de existir, para a circulação viária (automóvel),  encontrando-se como tal até à data sem uma resolução, apesar das inúmeras intervenções que já sofreu.
A Rua Chã é atualmente uma das ruas do Porto com grande e versátil dimensão étnica. No entanto o fenómeno só se verifica no ponto de vista comercial. Por outro lado, mantém-se ainda na sua continuidade, na Rua Cimo de Vila, atividades que estigmatizam o local, desde o séc. XIX, a nomeadamente os bares de alterne, pensões, e casas de pasto. Esta rua culmina na Porta da Batalha (de Cimo de Vila). Daqui parte as estrada para Valongo, Penafiel e Vila Real, e a estrada para Guimarães, que segue pela rua Santa Catarina, onde se encontra o antigo Grande Hotel do Porto, onde existiu a Camisaria Confiança e onde muitos torna-viagem se fixaram.
A igreja de Stº Ildefonso fica na bifurcação destas estradas. No final do seculo XIX o eixo comercial 31 de Janeiro/Clérigos torna-se num forte polo atrativo, onde aparecem as lojas com vitrines, em edifícios alinhados. No entanto os comerciantes deixam de viver sobre as lojas, passando para locais mais nobilizados
Entre os anos 60 e 80 as ruas sofrem algumas alterações na atualidade o favorecimento da utilização pedonal está a favorecer o retorno do turismo urbano, dando resposta à oferta low-coast.

Mercado do Bolhão – Este mercado municipal marcou a evolução da cidade no inicio do sec. XX, com a construção do atual edifício por Elísio de Melo devido à necessidade de maior salubridade. Entre os anos 60 e 80 entra em crise face às novas opções dos consumidores. Atualmente, o Bolhão está estagnado, funcionando apenas numa dimensão social de subsistência dos comerciantes. Existem vários projetos, no entanto, com a crise, muitos desses projetos são inviáveis devido ao forte investimento que terá que ser feito, pois o edifício encontra-se construído sobre estacaria, num local onde passa um rio subterrâneo, que terá que ser forçosamente desviado e drenado.
Rua do Bonjardim, teve origem, como Estrada para Guimarães, no alinhamento na Porta de Carros, e termina na Praça do Marquês (Largo da Aguardente).

A Avenida dos Aliados é do Inicio do século XX e está marcada por uma forte monumentalidade. O edifício dos Paços do Concelho é dos anos 50 e a avenida terá sido aberta em 1916. Siza Vieira, em 2001, uniformiza os dois espaços, Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade. É atualmente um elemento de identidade do Porto, onde se comemoram datas e se festejam de forma espontânea alguns eventos.

A planta redonda de Balck, demonstra o período Almadino, para além da evolução radial da cidade.
A Rua do Almada teve origem num prolongamento da rua Nova das Hortas, sendo uma alternativa para a Rua do Bonjardim, para Braga e Guimarães. Foi uma rua construída com um intuito estratégico militar, de defesa, facilitando o acesso rápido ao Campo das Hortas (atual Praça da República).

Praça Carlos Alberto, é desde a idade média uma bifurcação importante. È aqui que se divide a estrada de surge na Porta do Olival, e se encaminha para Vila do Conde  e Braga. Neste local existiram vários hotéis, casas de pasto, tascas e pensões que davam suporte à partida e chegada de diligências e outros transportes. No final do sec.XIX era local de partida do Vaporzinho, comboio que fazia o percurso romântico sub-urbano até à Foz, passando pela atual Avenida da Boavista. Em 1895 aparece o carro eléctrico. Em meados do sec. XIX Adoptam-se as cortinas nas janelas de casa. A Praça Carlos Alberto sofreu transformações recentes, o revestimento da calçada, permanece em basalto e calcário. Ao sábado realiza-se neste local o Mercado Porto Belo. No subsolo foi construído um parque subterrâneo, e o edificado foi recentemente alvo de uma intervenção cara, ao abrigo da SRU, O edifício do café Luso, cuja reconstrução é apenas uma obra de fachada, tendo sido reconstruido todo o seu interior e onde habita uma população gentrificada.

2 – Ocidente do Porto

Saída de estudo a Massarelos, Miragaia e Cedofeita. O mosaico social e do tecido económico; o percurso histórico e a heterogeneidade do pericentral, vistos desde a muralha afonsina até aos "Caminhos do Romântico", o "caminho velho" para a Foz e a consolidação da Boavista como referência comercial e de serviços de alojamento e restauração, financeiros, culturais e educativos.

Abordagem das dimensões rurais (marcas rurais) e urbana. Processo de desindustrialização, no território que terá sido periférico até ao sec.XIX. A chegada da Ponte da Arrábida, facultou um planeamento urbanístico com a terciarização.
Saída do lugar central, junto à FLUP e passagem por um ambiente bucólico e quase rural, a Viela do Picoto. Grande separação de sons, o silencio e o ruido com grande proximidade. Há uma descontinuidade delimitada pela fronteira de uma nova rua. Encontrámos a parte alta (O alto defensivo) e a parte baixa (Junto ao rio).
Esta fronteira é atravessada perpendicularmente pela Rua D. Pedro V, que terá sido aberta em meados do sec. XIX com o intuito de articular vários lugares da cidade. Interligando assim Massarelos alto e baixo, tal como a Sé e a Ribeira.  Essa interligação pretendia ligar a estrada de cima, Rua do Campo Alegre (Antiga Estrada de Matosinhos), e a estrada de baixo, marginal (Estrada Nova para a Foz). Ultrapassada a estrada de cima pretendia-se atravessar o Bom Sucesso atingindo a Rotunda da Boavista.

Tínhamos então a ligação em três níveis:
Linha este/oeste    -  Avenida da Boavista
Campo Alegre    -  Vilar
Caminho novo da Marginal do sec. XIX

A  partir do sec. XIX houve uma expansão da residência marcada pela classe alta, até à Foz.
Neste vale, há uma escala de geomorfismo de baixa densidade, quando comparado com o centro histórico do Porto. A fixação está fortemente ligada ao sal (salinas) e ao mar (comercio.
Grande concentração de unidade fabris, c/ azenhas. O museu do carro elétrico, situa-se na quinta de Kopk. Existia também aí a conceituada cerâmica de Massarelos e uma fábrica de têxteis desmantelada no sec. XX.
Atualmente verifica-se uma mistura de escalas que originam um mosaico multifacetado, misturando-se o caminho rural, o condomínio fechado e a valorização da frente ribeirinha.
Chegando ao Largo do Adro (Igreja de Massarelos), verifica-se uma nova situação, a nova rua da Restauração que forma um cotovelo na antiga “Fábrica da Louça”, a Fábrica de Cerâmica de Massarelos que terá iniciado a sua produção por volta de 1763, foi mais tarde transformada em refinaria, SIEL sendo atualmente convertida, pela RAR-Imobiliária, num condomínio de luxo.
Daqui pode-se avistar o, Monte da torre da Marca, escarpa do promontório granítico dos jardins do Palácio de Cristal desenhados durante o sec. XVIII. Esses jardins estão repletos de espécies exóticas, Palmeiras, Japoneiras e plantas xerófilas, sendo as espécies autóctones raras. A rua da Restauração foi projetada em 1835 e tá sido concluída em finais do sec. XIX. Aqui pode-se ainda ver casas com traça ou origem britânia ou de brasileiros torna-viagem.
Avista-se assim, deste local um mosaico complexo onde ainda persiste o Convento de Monchique, que à data da sua construção, sec. XVI, era mosteiro, pois ficava fora-de-portas. Encontramos ainda um bairro operário, Bairro Inês, convertido atualmente  em residência universitária de alunos Erasmus. Seguindo, encontra-se a casa reconstruida e adaptada de Valente de Oliveira (ex-ministro das Obras Públicas do governo de Durão Barroso).
Mais à frente, na rua da Bandeirinha, encontramos o Palacete dos Portocarrera. No largo fronteiro à casa uma pirâmide servia de suporte à Bandeirinha da Saúde, que marcava o limite da atracagem dos navios em tempo de peste. Avista-se ainda, nas traseiras de muitos edifícios seculares, construção ilegal.
Daqui avista-se a Alfandega Nova, neoclássico granítico, tal como o hospital de Stº Antonio, onde desagua o rio Frio que nasce na rua da Torrinha e atravessa o Hospital de Stº António. O edifício da Alfandega é de 1860 e foi construído sobre estacaria na área da antiga praia de Miragaia, é anterior à construção do Porto de Leixões e servia de controlo alfandegário portuário como interface da linha ferroviária de Campanhã. Apesar do passar do tempo, os populares ainda chamam Praia a este local, nomeadamente junto à fonte da colher. É local de concentração em épocas festivas do santo padroeiro de Miragaia, S. Pedro.
Continuando a visita descemos pelo antigo Monte dos Judeus, onde ainda existe um registo toponímico, “Escadas do Monte Judeus”.  Onde esteve localizada a Fábrica de Cerâmica de Miragaia. Avançando, sempre a descer, atravessamos a rua Cidral de Cima e Posteriormente a Rua Cidral de Baixo. Junto às escadas Cidral de Cima existem umas construções, de habitação social, do sec. XX, as “Casas do Patronato”.
Depois de transpor a Rua Cidral de Baixo, chegamos à rua dos Armazéns, onde se encontra o vale do rio Frio. Começando a subir, encontramos os lavadouros públicos, a nova escola secundária de Miragaia e a Fonte da Virtudes, de 1619. Daqui, Calçada das Virtudes, pode-se ver a monumental obra de engenharia, o Paredão com dezasseis arcos, que se terá desmoronado logo após a sua construção e terá sido novamente erigido por Francisco de Almada e Mendonça. Neste local existia o postigo e torre das Virtudes da muralha Afonsina. Já no topo encontra-se a Alameda ou Passeio das Virtudes.
Atravessado o Jardim da Cordoaria, chegamos ao Hospital de Stº António, o edifício atual veio substituir o antigo Hospital de D. Lopo na Rua das Flores. O projeto inicial de John Carr contemplava um edifício quadrado de quatro fachadas mas a Misericórdia alterou o projeto que tomou então a forma de "U".
Mesmo em frente ao Hospital, ao lado do antigo convento do Carmo (GNR) encontra-se o ICBAS- Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, onde teve inicio o primeiro Curso de Geografia no Porto. O Hospital de Santo António reflecte o gosto neopalladiano, anglopalladiano ou arquitetura do “Port-Wine” é o neoclássico inglês que viria a desempenhar um papel de grande significado no desenvolvimento da arquitetura civil portuense, opondo-se ao barroco de Nicolau Nasoni que caracterizou a cidade.
Depois de ultrapassar o Jardim do Carregal avançamos pela travessa do Carregal até à rua de Cedofeita. Esta rua é bastante antiga, sendo inicialmente a estrada para Vila do Conde, bifurcando para Barcelos,  que partia da porta do Olival da muralha Afonsina.
Foi definida, numa fase inicial pelas construções, mas posteriormente, nos finais do séc. XVII  foi objecto de alargamento e alinhamento, pelos Almadas.
A primeira fase de ocupação terá sido pela família Freire, nos nºs 156. No sec. XIX reocupada com construções aburguesadas. Onde se situa a Igreja Evangélica era a casa de Venceslau de Lima. A Torre dos Clérigos encaixa no alinhamento de Cedofeita com a uma araucária colocada pelo proprietário, Marques Loureiro, dono do Horto das Virtudes. Aqui, também morou, D. Pedro, Teodoro de Sousa Maldonado, que cartografou as “Pedras do Douro”. Os navegantes alinhavam a torre dos clérigos com a torre da Marca e evitam essa pedras.
A Rua Miguel Bombarda, perpendicular a Cedofeita, é uma rua da primeira urbanização privada do Porto, que terá sido concluída em 1875. A Urbanização do Pombal, nos terrenos situados no Campo do Pombal, cujo projeto se encontra datado de 1805 por Luis Ignácio Barros de Lima,  pertencia a Jerónimo Pereira Leite. Com isto o subúrbio alargara-se para ocidente. Atualmente é utilizado pelos city users, turistas, estudantes e trabalhadores de comercio. Por outro lado emergiu recentemente nesta rua e na sua proximidade, um polo de Industrias Criativas que origina eventos periódicos cativando outros utilizadores gentrificados. As galerias de arte são já a maior fatia do comércio criativo/inovador, no entanto ainda persistem o comercio e atividades tradicionais em aproximadamente 50% dos espaços comerciais.
Avançando pela antiga Rua da Carvalhosa, hoje rua da Boa Hora e Rua Anibal Cunha, encontramo-nos com o que resta do processo de desindustrialização da 1ª fábrica de tecelagem, Jacinto, da Familia Magalhães, de Jacinto António Magalhães, onde se encontrava o primeiro bairro operário, O Bairro Jacinto.
Chegados ao Liceu D. Manuel II, Escola Secundária Rodrigues de Freitas, (vindo do Liceu Central da Rua da Vitória), encontramos novamente a lógica do eixo, desta vez traçada entre ele e o Liceu Carolina Michaelis, acentuando uma constatação interessante para uma geografia de género. O edifício terá sido construído com materiais de uma arquitetura modernista no sec. XX da autoria do Arq. Marques da Silva.
Tal facto não agradava totalmente a Salazar, pois a imagem pretendida era a do “Português Suave”, com a arquitetura da Casa Portuguesa, como a de Raúl Lino ou Rogério de Azevedo. Tal como se passou com a arquitetura neoclássica inglesa que chega ao Porto quando os portuenses ainda estão a deleitar-se no barroco.
Na proximidade, a igreja românica de Cedofeita, terá sido restaurada pela ditadura do Estado Novo, sendo também usada como ícone nacionalista.
Em frente, na Rua da Boavista encontra-se o Hospital Maria Pia, pago pelos Burgueses de Cedofeita.
Avançando, até Júlio Dinis, encontramos um caminho de feição rural, com marcas rurais, alteradas pela forte industrialização que aí existiu. O eixo Júlio Dinis Campo Alegre estava marcado pelas fábricas de tecelagem, metalurgia e cerveja, em meados do sec. XIX.
Após o processo de desindustrialização deu-se um novo processo de melhoria das acessibilidades, nomeadamente de interligação à Ponte da Arrábida.
Outros factores, que vieram alterar a dinâmica deste espaço, foi o processo de terciarização dos anos 80, a hotelaria e a restauração nos anos 70.  Originou-se assim uma nova centralidade, Campo Alegre/Júlio Dinis.
Continuando, atingimos, um espaço que há 100 anos era predominantemente rural, o Bom Sucesso, onde ainda existe a Casa Agrícola da Quinta do Bom Sucesso, onde se encontra a capela. Na proximidade, existia uma praça de touros (atual Tabernáculo Baptista). Mesmo no centro da Quinta foi construído, em 1952, o Mercado do Bom sucesso, estando atualmente num processo de elitização funcional. Neste local foi ainda construído, de forma ilegal, um centro comercial num local destinado a jardim.
Por fim chegamos ao Bairro do Bom Sucesso, onde se pode desconstruir preconceitos deterministas relativamente aos locais, nomeadamente bairros sociais.
Assistimos assim a vários mosaicos em que o ordenamento do território raramente coincide com modelos essenciais das cidades europeias. O banal seria a mistura social, morfológica e funcional. Embora a forma determine a maneira como se vive na cidade pode no entanto condicionar.


3 – Porto Oriental

Saída de estudo ao "Porto Oriental", da Batalha à Estação de Campanhã, com retorno pelo Campo 24 de Agosto. Apresentação de aspectos de natureza morfológica, social e económica, associadas ao processo evolutivo e às várias dimensões de espaço e tempo de apreciação da cidade.

Partindo do local de encontro atravessamos a rua de Stº Ildefonso (antiga Rua Direita) que em tempos terá sido cortada pela Praça dos Poveiros onde veio a ser construído um parque subterrâneo, no final do sec. XX. Continuando, atravessou-se o Jardim de S. Lazaro (Jardim Marques Oliveira, onde outrora se situava o hospital dos leprosos(no atual colégio), o Mosteiro de Stº António dos Capuchos (actual Biblioteca Municipal), era também aqui que se realizava a feira dos porcos. Este jardim, tal como o vemos, é já uma visão romântica da burguesia do sec. XIX, 1834, obrigando as feiras a deslocarem-se para outros locais, nomeadamente pata o Campo 24 de Agosto.
Seguindo pela Rua Morgado Mateus, chegamos ao lugar da antiga Quinta de Reimão, onde podemos encontrar um novo desenho urbanístico, em que se afigura a moradia clássica portuense do sec.XIX, exclusivamente familiar, ou seja, unifuncional, ao contrário do plurifuncionalíssimo do lote ocidental do Porto.
Aqui encontram-se algumas alterações construtivas. A elevação da cave, eleva também rés-do-chão, o  que impede à partida a criação de comércios no 1º piso e a formação de ilhas nas traseiras. Atualmente o processo de substituição do edificado está parado, verificando-se porém um processo de reabilitação. A ocupação deste espaço está a tornar-se elitizada, com ligações à arte, à universidade e outros. Como tal está condicionada também `*a disponibilidade financeira. É um espaço arborizado com uma vincada escala humana de proximidade e conforto. No cruzamento da Rua Duque da Terceira com a Rua Conde Ferreira, verificam-se duas utilizações, a diurna com atividades académica e terciaria;  e a noturna com a prostituição.
Chegando ao Largo Soares dos Reis, verifica-se a existência de uma “Pata de Ganso”, apesar de não existir aqui um centro atrativo, no entanto era aqui que chegava a estrada do Douro. Á esquerda da Quinta de Reimão ficava a Quinta do Prado (dos bispos do Porto) e à direita a Quinta de Sacais de Cima. Uma das artérias desta “Pata” é a Rua Rodrigues de Freitas, onde foram edificadas, ostentosamente , as moradias dos brasileiros torna-viagem. Queria-se “ver e ser visto”, por isso construía-se à face da rua, sem logradouro, de forma a facilitar a admiração e cobiça alheia. A família Forbes, torna-viagem, constrói a sua casa (edifício da Escola Superior de Belas Artes), antes deste planeamento/ocupação. Em 1899, a peste bubónica, para o investimento nesta área fazendo com que os lotes demorem a ser ocupados. Em 1839, com o liberalismo, a igreja é obrigada a abdicar do espaço onde é construído o cemitério oriental do Prado do Repouso, nos terrenos da Quinta do Prado. O Jazigo nº 1 deste cemitério é de Francisco de Almada e Mendonça, filho de João de Almada, cujos restos mortais terão sido trasladados da Igreja da Misericórdia do Porto, servindo assim de exemplo aos hábitos funerários mais conservadores.
Seguindo pela Rua do Heroísmo (antiga estrada para Campanhã) encontra-se a Casa de Barros Lima, responsável pela expansão da cidade separada, ou seja, a cidade de produção no lado oriental e a cidade de consumo no lado ocidental.
No entanto, o processo de urbanização da periferia originou cópias em cada um dos lados a ocidente e a oriente, foi a lógica Este/Oeste em que se construíram Cemitérios, Parques, Jardins, etc… No entanto há diferenças no ponto de vista social e económico. Os ingleses a ocidente, com uma arquitetura recatada, e os brasileiros torna-viagem com a sua ostentação de novo riquismo.
Já na Rua do Barão de Nova Sintra encontramos um estabelecimento Humanitário, edificado pelo Barão de Nova Sintra , também torna-viagem, e a sua casa que terá sido vendida à família dinamarquesa, Anderson. É uma rua larga, que liga a uma larga avenida construída com um o único fim de construir o caminho de ferro, em 1896.
Aqui ainda persiste, em ruina, o chalé de contemplação do Douro de José Dias Alves Pimenta e as casas dos seus vizinhos, Aurélio da Paz dos Reis e António Dias Pereira, todos eles republicanos, com um papel determinante nos destinos do Porto. Esta rua sem saída, cheia de história, os edifícios históricos continuam ao abandono.
As urbanizações, anteriormente visitadas, das quintas de Reimão e Sacais de Cima foram feitas no seguimento da estação de Campanhã. No entanto, neste local, a linha acaba por criar uma fronteira com a Quinta da China.
Já em Campanhã, encontra-se a Rua Mira Flor (anteriormente uma aldeia da periferia), mais à frente encontra-se a Vila Rodrigo num desnível topográfico pela rua Padre António Vieira, de 1878. A Rua da Lomba atravessa o lugar onde existiu a aldeia do Lugar do Lombo, desde a Rua do Heroísmo à Rua Pinto Bessa. A industrialização não é uniforme, pois é na freguesia do Bonfim que se encontra mais unidades industriais e operários fabris, conforme se pode verificar nos inquéritos industriais de 1845, 1898 e 1890.
A chegada do comboio ao centro do Porto, estação de S. Bento, em 1896, trás mais população que alimenta a necessidade de mão-de-obra, das industrias, desta área. Aqui trabalha-se 12 ou mais horas por dia, incluindo as crianças. Assim justifica-se a fixação nesta freguesia, dada a proximidade com o posto de trabalho.
Morfologicamente, houve um enchimento em que se urbanizaram espaços rurais. É a rurbanização do sec.XIX.
Os animais eram mantidos dentro das habitações, perpetuando e adaptando hábitos rurais.
Em 1881, algumas casas, para além de superlotadas, ainda eram ocupadas por teares. Havia cerca de 10.000  teares fora de fábrica, por questões fiscais, reduzindo assim a carga dos impostos sobre os industriais.
Rua Pinto Bessa[1], (sec. XIX). Esta rua vem na lógica da Rua da Estação, entre a antiga Estrada do Pão e a Igreja do Bonfim (Bom Fim ou Boa Morte), de construção recente. É uma das grande vias (largas) traçadas no final do sec. XIX. Encontra-se também aqui um edifício dos anos 30, Arte Nova, Arte-Deco, do Arqtº Francisco de Oliveira Ferreira, autor do Sanatório Heliantia em Francelos, Paços do Concelho de Vila Nova de Gaia, edifício de "A Brasileira" na Rua Sá da Bandeira – Porto, entre outros.
Facto curioso é o seu edificado que cumpre à risca a norma construtiva , em que a altura da fachada construída deveria ser igual ou inferior à largura entre fachadas. Tal facto originou e o aparecimento de um edificado em escada do tipo “bolo de noiva”.

Avenida Camilo
Foi idealizada segundo principio de Ebenezer Howard 1898, “Cidade Jardim”.
Ainda persiste parte da antiga Quinta de Secais, com a sua casa ao lado do Liceu Alexandre Herculano (Arq-Marques da Silva), 1º edifício da avenida, anterior ao Rodrigues de Freitas é resultado do desdobramento do Liceu Central, no Liceu Oriental e Liceu Ocidental. Com uma estrutura central é o mesmo conceito da Avenida doa Aliados e dos Combatentes da Grande Guerra, o jardim à inglesa, de Barry Parker.
A avenida deveria ter-se prolongado para oriente, até S. Roque da Lameira, o que não aconteceu.
Verifica-se aqui o aparecimento arquitetura eclética, para o automóvel .
Atualmente os edifícios estão readaptados/reaproveitados na antiga garagem/oficina, funciona o LIDL.

Campo 24 de Agosto
(revolução liberal, governo provisório, fim do cerco)
A localidade chamava-se em 1700 Mijavelhas, depois Poço das Patas, em 1833, denominava-se Campo da Feira do Gado porque ali se realizava um mercado de gado bovino; volvidos seis anos ficou Campo Grande. Em 1 de Agosto de 1860 por decisão camarária, foi designado Campo 24 de Agosto.
Uma das fontes que beneficiava da água deste aqueduto era a “Fonte de Mijavelhas”. Esta fonte ficava situada onde se encontra hoje a estação do metro do Campo 24 de Agosto. Quem já usou a referida estação deve ter reparado com toda a certeza no achado arqueológico que foi encontrado no local e que retrata aquela que foi a “Arca de Água de Mijavelhas” antigo chafariz, reservatório.
Junto ao atual centro comercial era o local onde se enforcavam os ladroes.
Havia, no sec. XIX grande atividade industrial com fábrica de trabalho em pratas, A companhia de Fiação, várias fábricas de tecelagem, a fábrica de Tabacos Portuense (empregava 900 pessoas), fábrica de Moagem, etc. No final do sec.XIX houve grande densificação com o nº elevado de operários e família.
Época de grande fulgor republicano com os comícios a oriente da Batalha devido às condições difíceis de vida. Lavadouros destruídos , por ordem de Ricardo Jorge, para não proliferar a peste Bubónica. Feiras remetidas para mais longe do centro, Corujeira.
No sec. XX acentua-se a diferença e desvaloriza-se a parte oriental da cidade
É atualmente local de chegada e partida, de autocarro e metro, tornando-se um interface urbano com perda de identidade de lugar.

Largo do Padrão
Por aqui passava a antiga Estrada do Pão onde vinha também confluir a Rua Formosa, a Rua  D.João IV e a rua Poço das Patas.
A rua D.João IV é adiada várias vezes, pois só no final do sec. XIX é concluída. Aqui sur vários palacetes dos Torna-Viagem, a família Magalhães Basto foi uma delas que aqui se alojou. Na parte alta da rua existiram muitas ilhas ao longo do sec. XIX.
O Porto cresceu para a periferia de forma radial ao longo das estradas deixando alguns vazios, que vêm mais tarde a ser ocupados por pessoas de menores posses.
Morfológicamente os edifícios são bastante antigos e situam-se longe da muralha. Têm uma natureza funcional (tecido económico).
Como eram estadas de passagem e apesar de ser periferia, o comércio implantou-se aproveitando os fluxos. Uso comercial do Rés-do-chão.


4 – Lado Ocidental do Porto, de Serralves até à Foz

O "lado ocidental do Porto". Saída de estudo desde a avenida e bairro "cidade-jardim", por "bairros sociais", Foz Velha, Senhora da Luz e Foz Nova, com referência ao papel do urbanismo e da evolução dos transportes e sublinhado às alterações/misturas/diferenciações de natureza morfológica, social e funcional. A Foz Velha era uma vila contigua à periferia do Porto.

Partida Junto à casa de Serralves do Arquiteto Marques da Silva, ,lugar de ricos. É um espaço de ligação entre o Porto e a Foz, cujo crescimento foi facilitado com a evolução dos transportes (coches, americano, automóvel). No entanto, devido ao facto de ser uma área da periferia, favorecia os privilegiados, com mobilidade,  ou seja, quem tinha transporte próprio. Com o aparecimento do americano a situação muda, no entanto, quem se fixa em Marechal Gomes da Costa  é efetivamente quem tem automóvel.
Urbanização – loteamento com especificidades, sendo os lotes sobreavaliados, com custos altos de construção, o que o torna um local de elite. A diferença é reforçada e perpetuada com o prestigio. Há uma concepção liga a Haussmam, com baixa densidade não sendo uma cidade compacta, é portanto também mais higienista.
Nos anos 60 e 70 o espaço esgota-se, tendo existido uma lógica de substituição de espaço mono residencial para um logica de serviços: escolas, consulados, saúde privada, etc.
Aqui há contiguamente habitação social tornando o espaço num mosaico de mistura. O bairro de renda resolúvel com o estado, de 1940 é um local de classe média/baixa ( modelo idêntico à cidade Jardim) sendo no entanto um caso diferente. Trata-se de moradias de 3 frentes, com menos áreas verdes privadas e mais pequenas. É  constituído em plano ortogonal, com hierarquização das vias. As vivendas unifamiliares são diferentes de Marechal Gomes da Costa. Os espaços verdes públicos servem as áreas envolventes. Seve os interesses do Estado Novo, sob a lógica da Carta de Atenas, um pouco torneado à imagem de António Ferro. Período com grande numero de projetos. João de Aguiar, Etienne e Agache.
À medida que nos afastamos do centro elitizado a classe social baixa até que surge o bairro social de 1960. Há aqui um certo racionalismo da carta de Atenas. Vias à volta do conjunto de edifícios e o interior apenas com vias de acesso, com uma ausência total de passeios. Habitação plurifamiliar/multifamiliar, espaço verde público contiguo aos edifícios, deixando de existir passeios e muros. Novo conceito morfológico urbanístico. Segundo Le Corbusier, era uma “maquina de habitar”, ou seja para uso exclusivo de habitação, com exceção das escolas exclusivas para os residentes, motivando uma total ausência de coesão social.
A politica habitacional apoia os mais fracos e frágeis, no entanto esta concentração aumenta os problemas sociais e a segregação. Tal facto acaba por se tornar um problema urbano espacial e social.
Plano de melhoramentos
Plano Especial de Alojamento
Os processos de transição também existem dentro dos bairros, entre bairros e blocos. Planeamento da irregularidade com ausência de geometria, sendo inorgânico sem simetria entre os blocos.
1948- Congresso de Arquitetura Moderna- Arq. Loza (dá resposta com alguma velocidade à carta de Atenas), no entanto, nos anos 30 Cassiano Branco já segue a carta de Atenas no projeto para a Caparica.

 Bairro da Pasteleira (1970)
Fica na Ligação entre o Porto e a Foz.
A Foz pertencia aos Beneditinos de Stº Tirso em 1834.
O bairro era um território autónomo onde passava o caminho para a Foz (da Rua do Campo Alegre para Matosinhos.
Quando A Foz se Transformou, o percurso do Caminho Novo (marginal) com o transporte do “Americano”. Tal facto leva a que a descontinuidade entre a Foz e o Porto seja preenchida com construções desde a habitação social até ao condomínio de luxo no caso da “Foz Alta”.
Estrada para a Foz (Rua Central) atual rua Padre Luis Cabral. Há medida que vai sendo ocupada transforma-se em rua e consequentemente num eixo central da localidade com inúmeras lojas comerciais. A foz começa a conhecer-se como Foz Velha nos finais do sec.XIX.
A Foz Velha – Geomorfismo, pescadores (Póvoa Piscatória)
A foz Nova e Alta – Ortogonismo e classe alta.
Foi um local favorável à fixação de pescadores, sendo o lugar mais povoado fora da muralha (do Porto).
Antes do sec. XIX e até finais do mesmo era uma póvoa piscatória, com geomorfismo pouco denso em construção e de compacidade inferior aos outros locais de à inexistência de uma muralha, pois pode-se expandir livremente.
Era um local articulado com duas atividades de proximidade, a pesca e a agricultura.
Aqui a subsistência determina a logica de vida ao contrário do Porto.
Alterações recentes:
            - diminuição da importância da pesca
            - diminuição da classe média/baixa
            - substituição de residentes num processo de gentrificação
A igreja de Nª Senhora da Conceição determina a importância do eixo.
Restos de um aqueduto que abastecia de água o mosteiro, na proximidade de uma nova via paralela à linha de costa a uma cota alta perpendicular à antiga Rua Direita

Lugar da Cantareira (Frente ao Cabedelo)
Foi um local  importante no sec. XIX. Estendia-se  para o interior, Lugar de Sobreira-
Geomorfismo de baixa densidade.
Local de grande interesse estratégico da cidade do Porto, face à Foz.
O bispo de Viseu  introduziu aqui elementos de influencia renascentista contratando um arquiteto italiano para esse trabalho:
·       1º Farol da Península Ibérica (obra do sec. XVI)
·       Fortaleza de S. João Baptista da Foz do sec. XVI e XVII (modelo de fortaleza construído ao longo do litoral e junto às cidades de fronteira).
·       E outros.

Para defesa da Barra substituindo assim, à distância, a função da muralha afonsina.
Grandes transformações:
 2ª metade do sec. XIX-
- Melhoria dos transportes
- Crescimento do tempo livre (regulamentação do tempo de trabalho) na dimensão do ócio e lazer.
- Medicina sustentava a ideia do beneficio dos Banhos.
A forma de viver mantem-se até hoje, constatando-se o inverso de há 100 anos, ou seja, poucos ricos entre os pobres anteriormente e hoje poucos pobres entre os ricos.
Por aqui passou a 1ª linha do Americano, o Nº1.
A povoa piscatória aburguesou-se.
EM 1888 é construído o Passeio Alegre onde são inseridas plantas exóticas e arvores não como a palmeira e a araucária.   
O seculo XIX foi também marcado pela geografia dos hotéis. Na primeira metade do sec. XIX a Rua Direita passa a Padre Luis Cabral; em finais do sec.XIX tem continuidade para a Rua S.Bartolomeu, onde existiram Banhos Quentes; em 1889 surge a pensão Mary Castro.
Geografia Física e Urbana – regularização da Foz do Rio Douro – Construção de um muro que leva ao posterior aterro do jardim que viria a ser do Passeio Alegre, desenhado pelo arq. Emile David, também responsável pelos jardins do Palácio de Cristal.
Assim, a Foz está atualmente dividida entre a Foz velha (plano Geomorfico), A Foz Nova (ao longo da Avenida Brasil e num plano Ortogonal para o interior)   e a Foz Alta (mistura de planos em alguns casos inorgânico).
A rua Padre Luis Cabral, antiga Rua Central (estrada da Foz) deixou de ter a sua centralidade dada a sua interrupção com a construção da via nova, a Rua Diogo Botelho, e a sua fraca mobilidade.
O largo do Rio da Bica era um largo central da feira, apesar de hoje parecer exíguo. Era o ponto de ligação entre a Foz Alta e a Foz Velha, através da Rua direita (Padre Luis Cabral).
Mais à frente, encontra-se ainda a casa onde Funcionou a da Câmara Municipal da Foz e Prisão, durante apenas dois anos, aquando a reforma administrativa de 1836. Até então a área pertencia ao Mosteiro Beneditino de STº Tirso.
A antiga igreja ficava dentro da muralha do Forte, como tal houve necessidade de construir outra. Houve ainda necessidade de realizar um aterro para dar continuidade à linha do elétrico ao longo das praias até Matosinhos, fazendo assim uma transição entre a Foz Velha e a Foz Nova através da rua Senhora da Luz, onde se desenvolveu um comercio, que atualmente é seletivo, numa lógica de centralidade e aparente heterogenia social.
A avenida Brasil é dos finais do sec.XIX com casas apalaçadas e tipo chalé, tendo sido substituídas  quase na sua totalidade por prédios no sec.XX, anos 50 a 70.À medida que se caminha para norte verifica-se uma homogeneidade social de classe alta.
A praia segregadora – para além da praia do Ourigo existia a Praia dos Ingleses que determinava uma certa utilização elitista. Por outro lado havia uma separação temporal de uso no verão, ou seja, o interior do pais utilizava a praia durante 2 meses e a cidade durante os 2 meses seguintes. Havia ainda uma diferença de género na sua utilização, pois as senhoras, por uma questão de pudor, só podiam ir a banhos antes do nascer do sol.
Por fim situamo-nos no Largo Antero Figueiredo, ponto central de onde saem ruas de forma radial num plano geomórfico, que liga na saída deste aglomerado à avenida Marechal Gomes da Costa. Aqui existe, na proximidade, um Lavadouro público, a junta de freguesia, um posto  da policia. Para ponente/Norte desenvolve-se o plano ortogonal da Foz Nova.
A vila da Foz tem uma heterogenia intensa, no entanto apreende-se aqui a importância das escalas e do tempo da cidade.


[1] Francisco Pinto Bessa (Lordelo do Ouro, 6 de fevereiro de 1821 - Porto, 4 de maio de 1878) foi um dos sócios fundadores da Sociedade do Palácio de Cristal e vereador da Câmara Municipal do Porto em 1866, tornando-se seu presidente no ano seguinte. Durante o seu mandato foram abertas a Rua Nova da Alfândega, a Rua de Sá da Bandeira, a Rua Mousinho da Silveira, a Rotunda da Boavista, inaugurada a Ponte D. Maria, entre tantos outros empreendimentos. Em 1868 foi eleito membro do Parlamento, cargo que acumulou com a presidência da Câmara, em sucessivas eleições, até ao seu falecimento a 4 de Maio de 1878.[1]

Autor: Óscar Brandão

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